I . Da visão unívoca
“Aquele a quem foi dado ser plenamente como o em que se nega todo parcial ser, como o que vê e, no ver do que é, infinitamente ultrapassa todo ver e saber finito, esse, no mesmo instante em que frui a mais pura alegria, sabe para sempre toda a verdade.
E não é então seu ver conhecimento, pois este supõe diferença entre ser e verdade, ou, como incompleta e imperfeitamente se diz, entre ser e saber: conhecimento implica e significa a distância e incoincidência real ou sempre virtual. O que vê o ser como o que o é, o a quem foi dado ver sem distância, o que sabe do mais puro saber, vê e sabe a verdade toda na verdade: nem há, para ele, distância alguma de algum ser para ser, de alguma verdade para a verdade e saber a verdade, nem tal tem nele e para ele sentido algum.”
V . Da Liberdade Divina
“A liberdade é o próprio espírito, por nós com renovado intento e nome designado insubstancial substante quando este se conhece e reconhece na plenitude cumulativa da cisão e da visão unívoca.
É a liberdade, primeiro, para todo o ser e toda a verdade, mas na aceitação da necessidade e de todo o necessário. Esta poderia dizer-se a liberdade secreta e oculta ainda na primeira idade do homem, e no primeiro grande ciclo da cumulativa implicação e explicitação do ser, se todo o para nós manifestado, enquanto ser de tempo, história e evolução, fosse em si e por si verdade.
(...)
Tal, entretanto, o aludido primeiro estádio de todo o ser para o homem e do homem para si quando a visão unívoca desponta, com seu limite, do pressuroso ser. Então, dizemos, a liberdade é logo no único necessário, no que a nega, ou no por que se nega todo o outro. Eu, que verdadeiramente não sou, só enquanto me nego, e enquanto o meu ser se nega em seu limite, assumo a liberdade.”